TRONCO
DE SOLIDARIEDADE
Afirmam alguns
maçonologos que pelo menos na Europa Continental, todas as Lojas maçônicas têm
um “Tronco da Viúva*” (Tronco de Benevolência, Tronco de Solidariedade). O “Tronco da
Viúva” não é mais do que um fundo de reserva de meios monetários destinado a
acorrer a situações de necessidade de maçons, de viúvas e filhos menores de
maçons já falecidos e, de forma geral, a ações de beneficência.
Os fundos do “Tronco da
Viúva” são exclusivamente obtidos mediante donativos dos obreiros da Loja e
seus visitantes ou mediante ações de angariação de fundos a ele destinados -
leilões, iniciativas sociais, etc.
Os fundos do “Tronco da
Viúva”, tal como os demais valores da Loja, ficam à guarda do Tesoureiro desta.
Mas são separadamente contabilizados dos demais recursos da Loja e só podem ser
usados para os referidos fins de auxílio ou beneficência. Os fundos do “Tronco
da Viúva” só podem ser utilizados por decisão do Venerável Mestre ou do
Hospitaleiro, Oficiais da Loja em que esta delega o encargo de bem analisar as
situações que justifiquem a mobilização desses fundos. Pelo menos anualmente, o
Hospitaleiro deve apresentar um sucinto relatório sobre a situação do “Tronco
da Viúva” e a aplicação dos seus fundos.
Revista Cultural Maçônica "Engenho & Arte na Maçonaria Universal" - nº 16/2006
Em algumas Lojas, pode também existir uma Comissão de Beneficência, encarregada de estudar as ações da Loja neste campo.
Afirmam alguns que a
designação de “Tronco da Viúva” tem a ver com a lenda da construção do Templo
de Salomão, que foi dirigida por um arquiteto, de nome Hiram Abif, que, na
Bíblia, é referenciado como filho de uma viúva de Tiro. Hiram Abif é, desde
tempos imemoriais, o protagonista de uma alegoria que constitui o cerne da
moralidade maçônica, a tal ponto que os maçons, nele se revendo, designam-se a
si próprios por Filhos da Viúva.
HIRAM ABIF
Essa assertiva não tem
validade, haja vista que na verdade, a origem do “Tronco da Viúva” vem das
primeiras sociedades de maçons operativos. Vejamos o que diz algunas dos antigos regulamentos
(estatutos) sobre o Tronco:
CATEDRAL DE STRASBURG
1. Carta de Bolonha –
1248** (vide
livro Antigos Manuscritos – As Origens da Francomaçonaria – Cavalcante, Sergio)
“XVII – Da ajuda a que todos os Mestres estãso obrigados junto a um membro
falecido, quando convocados
Estatuímos
e ordenamos que, se algum de nossos mebros for chamado ou citado para acudir a
familia de um mebro falecido e não se apresentar, que pague , a titulo de
multa, doze denários bolonheses, a menos que estivese autorizado para isso, ou
ainda por motivo de força maior. O corpo do falecido deve ser conduzido a
sepultura por membros da sociedade. E o procurador da sociedade deve obter
da assembleia o valor de dezoito denários
bolonheses que por falecimento de um de seus membros seja entregue a sua
familia. E se o procurador não tomar essa providencia ele deverá pagar a
sociedade dezoito denários a titulo de multa. E que os oficiais e o presidente
sejam os responsáveis pelo recebimento desta quantia”
Estatuto de Estrasburgo
– 1459 (vide livro Antigos Manuscritos –
As Origens da Francomaçonaria – Cavalcante, Sergio)
“XXVIII – Agora, para que esses regulamentos do ofício possam ser
seguidos de forma mais honesta, com serviço a Deus e outras coisas necessárias
e adquedas, cada Mestre que tenha artesãos trabalhando em sua Loja, e pratique
a maçonaria e pertença a esta fraternidade, e depois de cada ano pagará quatro
blapparts (pequenas moedas de prata),
ou seja, em cada semana santa um blappart ou Bohemian a ser pago a caixa da
freternidade, e cada Companheiro pagará quatro Blapparts, e assim igualmente um
Aprendiz que tenha servido os eu tempo
XXXII
– Se um Mestre ou Companheiro ficar doente, ou um Companheiro que pertence a
fraternidade e tenha vivido com retidão na Maçonaria, for afligido com doença
prolongada e necessidade de alimento e dinheiro, então o Mestre encarregado da
caixa lhe prestará socorro e assistência da caixa, se ele de outra forma puder,
até que ele se recupere de sua doença, e deve depois jurar e prometer restituir
o mesmo a caixa. Mas, se ele morrer de tal doença, então tanto deve ser tomado
daquilo que ele deixar na sua morte, seja roupas ou outros artigos, como restituição
do que foi emprestado a ele, se tanto ali exstir.”
Alegoricamente, nos
tempos modernos, a Viúva será a Maçonaria, em especial na sua vertente de
solidariedade e beneficência. O “Tronco da Viúva” é, pois, um dos alicerces da
Maçonaria, o reservatório dos bens que lhe possibilitam despender fundos em
acções de solidariedade e beneficência. É alimentado pelos seus filhos, os
Filhos da Viúva, os maçons.
Externamente, e em cumprimento do comando da moral maçônica de que as ações de beneficência devem ser praticadas discretamente, um maçom ou uma Loja Maçônica nunca revelam ou comentam ou divulgam quanto foi dado para esta ou aquela ação, com quanto se contribuiu para aliviar a necessidade desta ou daquela pessoa. Isso é matéria que só interessa a quem disponibiliza a ajuda e a quem a recebe. A regra é simples e não tem de ser mais específica: em cada momento, deve dar-se o que se pode e seja preciso. Nem menos, nem mais.
Externamente, e em cumprimento do comando da moral maçônica de que as ações de beneficência devem ser praticadas discretamente, um maçom ou uma Loja Maçônica nunca revelam ou comentam ou divulgam quanto foi dado para esta ou aquela ação, com quanto se contribuiu para aliviar a necessidade desta ou daquela pessoa. Isso é matéria que só interessa a quem disponibiliza a ajuda e a quem a recebe. A regra é simples e não tem de ser mais específica: em cada momento, deve dar-se o que se pode e seja preciso. Nem menos, nem mais.
* Esta é a
denominação inserida no Ritual de Aprendiz da Grande Loja Legal de
Portugal/Grande Loja Regular de Portugal. – p27.
Já próximo ao encerramento dos
trabalhos e após a conclusão do Orador circula-se ao mesmo tempo, o “Tronco da
Viúva” e o “Saco das Propostas” na seguinte forma:
“VM - *
Meus Irmãos, vai circular o Tronco da Viúva e o Saco das Propostas.
Irmãos Mestre de Cerimônias e Irmão Hospitaleiro, peço o vosso
auxílio.
O Hospitaleiro precedido pelo Mestre de Cerimônias, iniciam a marcha
dextrorsum pelo Oriente,
recolhem o óbolo dos 1º e 2º Vigilantes, fazem-no de seguida junto dos Irmãos
Mestres, Companheiros e Aprendizes, respectivamente.
1ºV: - *
Venerável Mestre, acham-se entre colunas os Irmãos Mestre de
Cerimônias e Hospitaleiro que fizeram circular o saco das Propostas e o Tronco
da Viúva, que se encontram a tua disposição.
VM: - Algum dos meus Irmãos reclama o tronco da Viúva?
1ºV: - Reina silêncio em ambas as colunas Venerável Mestre.
VM: - Sendo assim, Irmão Mestre de Cerimônia e Irmão Hospitaleiro,
dirijam-se ao Oriente com o Tronco da Viúva e com o saco das Propostas.
Os dois oficiais entregam os sacos ao secretário, que verifica o seu
conteúdo, inscreve o produto encontrado no traçado da prancha, informa a Loja e
entrega as propostas ao Venerável Mestre.
SC: - Venerável Mestre, o Tronco da Viúva rendeu a medalha profana
de ...kilos.
O produto do Tronco será, no fim da sessão, entregue ao
Hospitaleiro.”
**
Considerado como sendo um dos documentos mais antigo do mundo referente a Ordem
Maçônica.
boa tarde,curiosidade é saber,de onde vem o costume de retirar a mão aberta do saco,seja de beneficencia ou de propostas, grato
ResponderExcluirpara que nada seja retirado
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