JURAMENTO
OU COMPROMISSO?
"Não jures de modo nenhum, nem pelo ceu, que é o trono de Deus..."
Mateus, V. 34
Nós chamados ritos maçônicos teístas o juramento substitui o compromisso adotado pela Maçonaria Moderna.
Esta prática de jurar
vem dos antigos maçon (operativos) e o juramento, conservado na maioria dos
ritos contemporâneos, tem permitido um constante ataque à Maçonaria. Apesar das
variantes, permanecem as ameaças e criticas a este sistema.
Na segunda edição de
1730 da Masonry Dissected de Samuel Prichard temos o seguinte:
“Prometo e juro
solenemente aqui na presença de Deus todo Poderoso e diante desta Respeitável
Assembleia a qual reverencio, que manterei oculto e não revelarei nunca os
segredos dos Maçons nem os da Maçonaria que me serão revelados, a não ser que
seja para um verdadeiro e leal Irmão, depois da devida comprovação ou em Loja
justa e perfeita na qual reunam-se os Irmãos e Companheiros. Ademais prometo
não escrever, imprimir, gravar, [...] sobre madeira ou pedra, de tal maneira
que qualquer vestígio de uma letra possa aparecer, permitindo que o segredo
seja revelado de forma licita. Tudo isso sob a pena de ser [...] minha [...],
meu [...] pelo lado esquerdo para depois ser [...] duas vezes em vinte e quatro
horas; que meu [...] seja reduzindo a [...] e espalhadas pelos [...] da Terra, de tal modo que não reste a menor lembrança
minha entre os Maçons. Que Deus me ajude.[1]”
Esta forma teatral
tinha por finalidade gravar no inconsciente do candidato as suas
responsabilidades e deveres, numa época em que a prática civil e criminal assim
o estabelecia.
No livro “Maçonaria –
Um Estudo da Sua História”, o Irmão Frederico Guilherme Costa, afirma o
seguinte:
“Na realidade,e sta
formula de juramento era exigida pelo Direito Inglês pelos idos dos séculos
XVII e XVIII. O perjurio deveria ter queimadas as entranhas, atiraads ao mar, [...]”
O proprio James
Anderson, na segunda edição das Constituições (1738), esclareceu o propósito
das ameaças, deixando claro que a solenidade do juramento nada acrescentava à
obrigação, ou seja, o juramento
obrigava por si só, existisse ou não a penalidade.
Fica claro que o segredo e o juramento remontam à Maçonaria dita operativa, de acordo com os
costumes profanos da época, atitude esta, continuada em 1717.
Quando se jura, está (se)
invocando a Divindade como
testemunha. Este juramento pode ser assertivo quando procura atstar a
veracidade de uma declaração, ou promissório, quando atesta que alguém cumprirá
uma promessa.
Parece ser um antigo
costume adotado pela Maçonaria teísta jurar com a mão levantada:
“Levanto minha mão ao Senhor, Deus Altissimo, senhor do céu e da terra.”
“Introduzir-vos-ei
na terra que, com mão levantada jurei
dar a Abraão, a Isaac e a Jacó, e vo-la darei em possessão hereditária.”
“Na
veradade, ao céu levanto a minha mão e digo: ‘Eu vivo eternamente’.”
Felizmente não adotamos
o juramento solene prestado com a mão do promitente sobre os órgãos genitais do
outro, considerado a fonte da vida, um objeto sagrado:
“Disse Abrãao ao servo mais antigo de sua casa, o administrador de todos
os seus bens: ‘Põe, te rogo, a tua mão debaixo da minha coxa, e jura-me pelo
senhor, Deus do céu e da terra...’”
“Sentindo Israel avizinhar-se-lhe o tempo de morrer, chamou a si o seu
filho José e disse-lhe: ‘Se encontrei favor aos teus olhos, põe a tua mão
debaixo da minha coxa, e promete usar comigo de benevolência e fidelidade; por
favor, não me sepultes no Egito’.”
Em Mateus, finalmente,
é posivel encontrar a ideia de que numa sociedade regenerada não há lugar para
juramentos, pois a palavra de um homem é suficiente.
Vejamos o que diz
Meteus:
“Ouvistes mais que foi dito aos antigos: ‘Não jures falso, mas cumpre os
juramentos feitos ao Senhor. Eu porém, digo-vos que não jureis de modo nenhum,
nem pelo ceu, que é o trono de Deus, nem pela terra que é o escabelo dos seus
pés, nem por Jerusalém, que é a cidadedo Sumo Rei. Nem jures pela tua cabeça,
porque não podes tornar branco ou preto um só cabelo. Seja, pois, o vosso
falar. Sim, sim, não, não, porque tudo o que passa disto procede do maligno’.
Destarte, se o proprio
Livro da Lei Sagrada nos apresenta uma interpretação clara sobre a
impropriedade do juramento, por que não adotar, plenamente, o compromisso (obrigação)
como recomenda a Maçonaria Moderna?
Mais contundente ainda
são os argumentos eticos a favor do compromisso no lugar do juramento, pois a
ideia de comprometer se liga ao conceito existencialista de filosofia. Pode ser
aplicado em um sentido amplo, como fundamento de toda existencia humana e,
igualmente, num sentido mais estrito, como elemento fundamental do filosofo.
Estes dois conceitos
estão interligados, pois não poemos dissociar o interesse do filosofo da
existencia humana. Comprometer-se filosoficamente significa vincular
intimamente a teoria com a pratica.
Recusar assumir o
compromisso significa opor-se ao solicitado, recusando-se, destarte, a aceitar
o ajuste, o polimento.
Ninguem deve se comprometer
a menos que tenha compreendido a totalidade das proposições.
Apenas a titulo de
ilustração (exemplo histórico), devemos nos lembrar de que a Constituição dos
Estados Unidos da America do Norte nasceu do “Grande Compromisso da Convenção
de Filadelfia”, e não de um juramento prestado por seu notáveis ideologos, e
ninguem duvida de que a America do Norte era uma terra de virtuosos
protestantes.
BIBLIOGRAFIA:
Benimele, José Ferrer,
Masoneria, Inglesia e Ilustration;
Biblia Sagrada, São
paulo, Edições Paulinas, 2005;
Costa, Frederico,
Maçonaria: Um Estudo da sua História;
Prichard, Samuel.
Dissected Masory
[1] Samuel Prichard, Masonry
Dissected, being an universal and genuine description off all branches, from
the Original to the present Times, as it delivered in the constituted regular
Lodges, both in City and Country, Londor, Byfield and Haw Keswit, 1730, p. 12.
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