OS RITUAIS (ESCOCESES) DE ALBERT PIKE
Albert Pike, um dos maiores teóricos e
historiadores do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Albert Pike, um dos mais destacados
Soberanos Grandes Comendadores do Supremo Conselho dos 33 Graus do Rito Escocês
Antigo e Aceito da Jurisdição Meridional dos Estados Unidos da América do
Norte, líder do Supremo Conselho por trinta e dois anos ininterruptos, surge na
história da Francomaçonaria como um dos mais importantes expoentes
intelectuais. Foi um dos mais eruditos e importantes sistematizadores da
história e dos graus simbólicos e filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito,
transcrevendo em suas principais obras toda a liturgia e os procedimentos
ritualísticos dos graus escoceses.
ALBERT PIKE
Albert Pike nasceu em Boston e foi
criado em Little Rock, no Arkansas, onde participara em 1848 da
Guerra do México e em 1861 e 1862 da Guerra Civil Americana[1],
onde galgou o posto de General de Brigada, liderando um batalhão, formado por
indígenas. Após a Guerra Civil, em 1868, instalou-se na capital, Washington DC,
onde passou o resto dos seus dias, exercendo a advocacia, sendo um dos grandes
defensores da campanha abolicionista norteamericana, bem como da causa
indígena.
Albert Pike foi iniciado em 1850, na Western
Star Lodge, na cidade de Little Rock. Em 1853, Albert G. Mackey lhe conferiu os
graus filosóficos do 4º ao 32º do Rito Escocês Antigo e Aceito, em Charleston,
sede da jurisdição meridional; em 1857, Pike recebeu o grau 33º e em 1859 foi
eleito Soberano Grande Comendador, ocupando este cargo até o fim dos seus dias,
com competência e autoridade sem paralelos, realizando uma ampla reforma no
Rito Escocês Antigo e Aceito. Mesmo antes de ser eleito Soberano Grande Comendador,
Pike assumiu uma das lideranças intelectuais do Rito Escocês Antigo e Aceito,
ao lado de Albert G. Mackey, sendo que este último dedicou uma de suas maiores
obras, o livro “Léxico da Franco-Maçonaria”, de 1869, a Albert Pike, em seu
prefácio.
ALBERT
GALLANTI MACKEY
Ao unir-se ao Supremo Conselho da
Jurisdição Meridional, Albert Pike encontrou uma situação caótica: os rituais
encontravam-se tão desorganizados que muitas lojas adotaram procedimentos
ritualísticos próprios; a estrutura administrativa do Supremo Conselho não
possuía qualquer controle sobre seus membros e os serviços de benemerência
inexistiam.
Albert Pike nessa tarefa árdua a que
se propôs, fortaleceu os ensinamentos do Rito Escocês Antigo e Aceito,
expurgando todo o sectarismo e adversidade política do conteúdo dos rituais,
estabelecendo uma rota de desenvolvimento intelectual, o que colocou o Supremo
Conselho da Jurisdição Meridional na posição mais influente e atuante de todo o
mundo. Ele engrandeceu o conteúdo das instruções aos diversos graus com um
amplo conhecimento das culturas antigas – conhecia fluentemente o sânscrito,
hebraico, grego e latim – fundamentando e comprovando o que antes era apenas
perceptível nos rituais.
“En revanche, Moral and Dogma of
Ancient Accepted Scottish Rite of Freemasonry est um chef-d’oeuvre. Pour chancun des degrés du rite, le 33º est omis,
de par sa nature mêne qui n’est pás initiatique, l’anteur propose une leçon.
Avec une subtile pédagogie, chaque leçon se garde d’explique, détail après
dédail Le rituel de chaque degré ET mêne d’analyzer ouvertement son sens
general[2]”.
Suas explanações são demonstradas
promovendo uma analise em espiral apropriada para cada grau e preparando-o para
a explicação seguinte. Convém explicitar que o Dogma do título não possui um sentido de imposição, mas sim, de uma
doutrina proposta. Albert Pike expôs a instituição de um modo como nunca havia
sido feito anteriormente: uma associação fraterna e religiosa, sem ser uma
religião; beneficente em sua essência, além de defender a moral através da
verdade e de um simbolismo racional, abandonando a magia e apoiando-se na
natureza e nas suas leis.
Transcreve-se in verbis um pequeno
texto de um importante trabalho apresentado em 17 de outubro de 1989 na Sessão
Bianual do Supremo Conselho para a Jurisdição Meridional, realizada em
Washington DC, desenvolvido por Rex
Hutchens, Grande Orador do Supremo Conselho, intitulado Albert Pike – The Man not The Myth (Albert
Pike – O Homem, não o Mito):
“Albert Pike had a subtle motive
in his rewriting of the Rituals, seeking to do more than simply improve the
presentations of the lessons of the Degrees. He wished to establish the
Scottish Rite as an agent for the intellectual development of the Craft. This
goal was furthered by the preparation of a foundational literature for the Rite
embodied in the new Ritual and a series of lectures entitled Readings, Legends,
Liturgies and Morals and Dogma. These were further supplemented by the Book of
Words and the First and Second Lectures on Masonic Symbolism[3]”.
Entre suas várias obras destaca-se:
“Ordo ab Chaos”; The Original and Complete Rituals, 4º - 33º
of the First Supreme Council, 33º at Charleston, South Carolina; Porch and the Middle Chamber: Book of the
Lodge; Magnum Opus or the Great Work;
Morals and Dogma of Ancient and Accepted
Scottish Rite; Liturgies of the
Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry; Liturgy of the Blue Degrees.
Uma das mais importantes tarefas
realizadas por Albert Pike foi a sistematização dos rituais dos graus
simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito, uma vez que em sua época, as lojas
que os praticavam eram raras, principalmente em sua jurisdição, o que consistia
em seu ponto de vista de uma grave incoerência, pois, se praticavam os altos
graus sem que seus membros possuíssem fundamentado conhecimento sobre as bases
do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Conhecedor das fraquezas e vaidades
humanas, Albert Pike deixou registrado e formado durante o seu mandato como
Soberano Comendador, um Comitê sobre Formas de Rituais e Cerimônias – Commitee on Ritual and Cerimonial Forms
– confiado ao Supremo Conselho da Jurisdição Meridional e responsável pelas
eventuais e inevitáveis alterações que ocorriam ao longo dos anos na pureza e
integridade dos ensinamentos fundamentados de seus rituais.
“Na preparação desses Rituais, (...)
utilizou Antigos Rituais Secretos que se encontrou em seu poder e o “Guide dês Maçons Écossais”, um
trabalho impresso para o Rito Escocês Antigo e Aceito; além dos Antigos e
Secretos Rituais, o Régulateur
Symbolique e o Régulateur dês Maçons, para o Rito Moderno. Ele também
utilizou muito da assistência do “Tuilleur
Universel”, em Alfabeto Maçônico Secreto, e o Ahiman Rezon of Georgia, bem como o trabalho do Ilustríssimo
Irmão Rockwell; e também as orientações constantes do ritual do Irmão V. A de
Castro. Os trabalhos estão aqui muito expandidos; e as leituras das instruções
foram em parte escritas e em parte copiladas pelo próprio Soberano Grande
Comendador do Supremo Conselho”.
Albert Pike também tomou o cuidado de
não revelar passagens importantes dos rituais simbólicos, valendo-se de um artifício
comumente utilizado durante o século XIX, o de suprimir trechos inteiros
através de legendas e relacioná-las em outra parte, diretamente e sem
interrupção de passagens e explicações. Esta outra obra – O Trabalho Secreto –
encontra-se desaparecida, apesar de uma nova edição d’O Pórtico e a Câmara do
Meio editado nos Estados Unidos da América do Norte ter preenchido estes
trechos faltantes com os correspondentes aos encontrados nos rituais europeus e
latino-americanos.
É bom que fique bem claro e o leitor
mais interessado em pesquisar, irá perceber que Albert Pike fez algumas
adaptações nos seus rituais para atender segundo a visão do mesmo, as
peculiaridades do sistema maçônico norteamericano, adaptações estas que não concordamos,
pois desvirtuou os rituais originais contido no Guide dês Maçons Écossais
de 1804, o primeiro compêndio de rituais formulados exclusivamente para os
graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito. Esse foi um dos grandes
equívocos cometidos por Albert Pike.
BIBLIOGRAFIA:
Cavalcante, Sergio - Rito Escocês Antigo e Aceito - Rituais de 1804.
[1] Também denominada de Guerra da Secessão.
[2] “Deste modo, Moral
and Dogma of Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry é uma obra
prima. Para cada um dos graus do rito,
salvo o 33º por não ser um grau iniciático, o autor propõe uma lição. Como um
substituto pedagógico, cada lição se guarda de explicar detalhadamente cada
grau, ou mesmo de comentar abertamente suas particularidades”. – In Saunier,
Eric (org) – Encyclopedie de La Franc-Maçonnerie. Paris, Librairie Gênerale
Française, 2000. (N.A).
[3] “Albert Pike possuía um sutil motivo na reelaboração
dos Rituais, procurando mais que fazer uma simples melhoria na apresentação das
lições dos graus. Ele desejava estabelecer o Rito Escocês como um agente para o
desenvolvimento intelectual da Ordem. Este objetivo foi favorecido pela
preparação de uma literatura fundamentada para a incorporação do Rito nesse
novo ritual e uma serie de palestras intituladas Leituras, Lendas, Liturgias e
Morais e Dogma. Estes foram favorecidos pela complementação através o livro das
Palavras e da Primeira e Segunda Palestra sobre o Simbolismo Maçônico”. – In
Hutchens, Rex R. “Albert Pike – The Man not The Myth” – Washington DC. Supreme
Council 33º Southern Jurisdiction, 1989. (N. A).
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