OS RITUAIS ESCOCESES NO BRASIL
PARTE I
Nota: O estudo que será efetivado
neste trabalho terá como fonte de referência (e comparações), os seguintes
rituais: Ritual de 1º Grau da Grande Loja Maçônica do Estado da Paraíba –
Edição 2005; Ritual de 1º Grau do Grande Oriente do Brasil – Edição 2001;
Ritual de 1º Grau da Grande Loja Symbolica da Paraíba – Edição 1928.
Sem
dúvida, o tema é muito oportuno! Mas, não se lhe pode fazer um estudo direto. A
história exige participação, fornecendo considerações iniciais.
O
Grande Oriente do Brasil foi fundado em 17 de junho de 1822 em um casarão
sitaudo na antiga Rua do Fogo, atual Rua dos Andradas, esquina da antiga Rua
São Joaquim, atual Rua Marechal Floriano, Rio de Janeiro.
Na
primeira ata[1]
foi usado o nome de Grande Oriente Braziliano. Na segunda ata[2]
e na terceira ata[3]
foi usado o nome Grande Oriente Brazileiro[4].
Na quinta ata[5]
foi usado o nome Grande Oriente Brazilico.
Todos
nós sabemos que o objetivo básico (devidamente atingido), era o de obter a
independência política e administrativa do Brasil. Assinale-se, portanto, que
já havia, também, uma inequívoca preocupação com a disciplina maçônica, de
acordo com a citada quinta ata. Até pouco tempo, alguns historiadores
maçônicos, confundidos pelo uso de nomes heróicos-históricos vistos naquelas e
em outras primitivas atas, imaginavam que houvesse o Rito Adonhiramita sido o adotado, desconhecendo que o referido uso
era privativo do mencionado Rito. Na verdade, precisa ser realçado que o
vanguardeiro foi o Rito Moderno[6].
A
Loja “Commércio & Artes”
utilizava um ritual português, impresso em Lisboa pelo Grande Oriente Luzitano
(com “s”, a mesma gráfica de hoje).
Conquanto fosse do Rito Moderno o
aludido ritual já apresentava as três
viagens, com o mesmo simbolismo do REAA, que, porém, só existia no exterior
(notadamente na Europa), isto é, que
ainda não havia sido introduzido na então incipiente Maçonaria do Brasil.
Concluidas as viagens o Venerável Mestre dizia ao Candidato que este iria
assinr um testmento com o próprio sngue. Absolutamente, o ato não se
concretizava. Tratava-se apenas de um teste psicológico destinado a avalir a
determinação do candidto. Em seguida, ocorria a cerimônia do cálice da amargura
(sem o constrate doce!). Observe-se
que a cerimônia era posterior às viagens. Ao prestar a Obrigação (e não juramento), o Candidato,
ajoelhado sobre um coxim (joelho direito), afirma que o fazia perante o Grande Arquiteto do Universo.
Só
até aqui, é possível que os respeitáveis Irmãos leitores (mas, apenas os mais
novos, é evidente) tenham já duas dúvidas:
A
primeira dúvida seria qunto às diferenças entre o Rito Moderno daquela época (e somente foram apresentadas algumas,
apesar de serem muitas) e o de agora, de modo acentuado quanto ao Grande
Arquiteto do Universo. Porém, a explicação é bastante fácil. Ainda não existiam
as alterações que o citado Rito viria a sofrer em 23 de junho de 1892 no Grande
Oriente do Brasil[7],
sob a indisfarçável influencia do que fizera o Grande Oriente da França em 10
de setembro de 1877.
A
segunda dúvida seria quanto à circunlocução deste articulista, por estar
digressionado em torno de um Rito e de um ritual diversos do tema a ser
desenvolvido, que se refere unicamente aos Rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito. Outra vez a explicação é bastante
fácil. De fato, para que melhor seja compreendido um tema, é imprescindível
conhecer os antecedentes informativos de seu contaeúdo. No caso especifico, não
é proveitoso que se vá diretamente ao assunto, pois surgiriam inevitáveis
trinchas. Lembremo-nos que uma das mais rigorosas penas impostas pela História
consiste em deixar insulados no vazio aqueles que, desprezando o passado, não conseguem decifrar o presente e não conseguirem vislumbrar o
futuro!
Levantando
o véu dos idos tempos, veremos que a primeira Loja do Brasil a adotar o Rito Escocês Antigo e Aceito foi a “Educação e Moral”, do Rio de Janeiro.
Foi em 05 de março de 1829. Ignora-se qual teria sido o ritual usado,
inicialmente, pela citada Loja. Não consta que se conhecesse, em nosso país, no
referido ano, algum outro ritual sem ser o já mencionado aquele impresso em
Lisboa e do Rito Moderno.
O
primeiro ritual do Brasil foi impresso em 1833 na tipografia de “Seignot-Plancher”
(Typ. Imp. E Const. de Seignot-Plancher & Cia), localizada na rua do
Ouvidor, nº 95, Rio de Janeiro. Organizou o Irmão Januário da Cunha Barbosa[8],
com base em uma tradução que fizera o Irmão Hipolito José da Costa Furtado de
Medeiros, de um texto original francês. Era o Rito Moderno.
O PRIMEIRO RITUAL DO RITO
ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO NO BRASIL
O
primeiro ritual do Rito Escocês Antigo e
Aceito, do nosso país, foi impresso em 1834 na citada tipografia, por sua
própria iniciativa. Naquele mesmo ano, ela imprimiu uma segunda edição,
encomendada pelo Grande Oriente Brazileiro, que viria a ser mais conhecido por
“Grande Oriente do Passeio[9]”.
No
primeiro ritual Rito Escocês Antigo e
Aceito impresso em nosso país (em 1834, por inicitiva particular da Typ.
Imp. E Const. de Seignot-Plancher & Cia), localizada na rua do Ouvidor, nº
95, Rio de Janeiro, o Candidato, imediatamente após a Obrigação (não era usado
o vocábulo juramento), beijava a Bíblia, três vezes.
No
segundo ritual do citado Rito (igualmente
impresso em 1834, na mencionada gráfica, não por iniciativa própria, mas por
encomenda feita pelo Grande Oriente Brazilico, conforme também já foi visto em
páginas anteriores), o Candidato, no referido momento ritualístico, beijava
a Constituição (e não a Bíblia), por
três vezes. Que Constituição? O texto não esclarece! Seria a Constituição do
Império do Brasil, isto é, a Carta da Lei outorgada por D. Pedro I em 25 de
março de 1824? Seria a Constituição do Grande Oriente Brazilico, de 1832?
No
mesmo ano daqueles dois Rituais (1834), foi impressa na França, em quatro
volumes, no idioma português, por “J. P. Aillaud”, casa gráfica situada em Quai
Voltaire, nº 11, Paris, uma obra denominada “Bibliotheca Maçônica ou Instrucção
Completa do Franc-Maçon” de autoria do Irmão Antonio Dias, “dedicda aos
Orientes Lusitano e Brsiliense”. A segunda parte da obra é atinente o Rito Escocês Antigo e Aceito (chamado
simplesmente de “Rito Escocez”).
[...]
Já
vimos que o primeiro ritual usado pelo Grande Oriente do Brasil não era seu.
Era do Grande Oriente Lusitano. Havia sido impresso em Lisboa, não se sabe
exatamente em que ano. Pertencia ao Rito
Moderno. Mais tarde, em 1837, foi impresso o primeiro ritual, próprio, do
Grande Oriente do Brasil. Elaborou o trablho gráfico a “Typographia Austral”,
localizada no Beco de Bragança nº 15, Rio de Janeniro. Pertencia, igualmente ao
Rito Moderno.
Diante
do que está suficientemente elucidado, sabemos que os dois primeiros rituais do Rito Escocês Antigo e Aceito (ambos em 1834, insista-se!) não era do
Grande Oriente do Brasil. Do mencionado Rito, o primemro ritual da citada
Potência Maçônica foi impresso em 1857 na “Typographia Menezes”, localizada na
rua do Carmo (atual Sete de Setembro), nº 165, Rio de Janeiro. Serviu-lhe de
paradigma aquele ritual de 1834, impresso por iniciativa própria da “Typ. Imp. e
Const. de Seignot-Plancher & Cia.”. Destarte, o Candidato, imediatamente
após a Obrigação, beijava a Bíblia, três vezes (diversamente do já visto procedimento adotado pelo Grande Oriente
Brazileiro).
O
Ritual de 1857, do Rito Escocês Antigo e Aceito, do Grande Oriente do Brasil,
manteve seu texto em posteriores edições, durante trinta e quatro anos. Depois,
a partir de 1891, uma nova série foi impressa por força de modificações
determinadas pelo Supremo Grande Conselho no citado Rito, consoante sessão
realizada em 01 de julho de 1889, sob a presidência do Irmão (Visconde)
Visconde Luiz Antonio Vieira da Silva, que era o Soberano Grande Comenddor
automaticamente, por ser Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil. Esse
automatismo era legal, naqueles tempos pretéritos.
Os
textos referentes à sequencia ritualística permanecem quase os mesmos. Porém,
em outros pontos, os Rituais foram modificados, com a introdução de relevantes
explicações sobre o Templo e sua decoração, sobre o Cobridor e sobre a Ordem
dos Trabalhos. Ainda, ficou estabelecido que as iniciações e as filiações
seriam efetuadas em Sessões Magnas.
Estamos
utilizando o substantivo ritual, indistintamente, por ser ele de natureza
genárica. Absolutamente, as normas regedoras de um Rito constituem um ritual.
Saliente-se, entretanto, a bem da verdade, que, durante anos, os Rituais não
tinham essa denominação. Eram guias ou Reguladores. No Grande Oriente do
Brasil, a última vez em que aparece o vocábulo Guia (“Guia dos Trabalhos Symbolicos
do Rito Escocez Antigo e Aceito”), foi em 1896. A denominação ritual foi usada
pela primeira vez na edição de 1898, impressa, tanto quanto a anterior, na
“Typographia do Grande Oriente do Brasil”, localizada na rua do Lavradio, nº
81, Rio de Janeiro.
Foi
visto, que em nosso país os rituais, em seus primeiros tempos,
não tinham esse nome. Eram Guias ou Reguladores. No Grande Oriente do Brasil,
com referência ao REAA, não enconramos o vocábulo ritual nas edições de 1857,
1870, 1873, 1874, 1877, 1891, 1892 e 1896.
Na
referida Potência Maçônica, a denominação ritual foi usada pela primeira vez em
1898, de acordo com a edição que teria sido impressa na “Typographia do Grande
Oriente do Brazil” que estaria localizada na rua do Lavradio, nº 81, no Rio de
Janeiro. Entretanto, não é verdade que em 1898 a mencionada Potência Maçônica
possuísse tipografia própria.
Porém,
os Maçons portugueses (do Rito Moderno) já usavam, logo depois de 1814 (não existe
certeza sobre a data exata), um “Ritual Maçônico – Regulador do Primeiro Graó
Symbolico”, impresso em Lisboa (ignorava-se em que tipografia) do Grande Orient
Lusitano, e que foi adotado, no Brasil, nas proximidades de 1822, pela Loja
“Commercio & Arte”. Com a devida vênia pede-se ao respeitável leitor que
reexamine as páginas anteriores.
O
denomindo “Grande Oriente do Passeio” usava a expressão “Guia dos Maçons
Escossezes ou Reguladores dos Três Gráos Symbolicos do Rito Antigo e Aceito”,
seja na edição de 1834, impressa na “Typ. Imp. e Const. de Seignot Plancher
& Cª”, localizada na rua do Ouvidor nº 95, Rio de Janeiro, seja na edição
de 1845, impressa na “Typographia Bintot”, localizada na rua do Sabão nº 70,
Rio de Janeiro.
Porém,
em lugar de Guia ou Regulador, encontramos, no denominado” Grande Oriente dos
Beneditinos”, os termos “Leis e Rituaes do Grande Oriente Unido e Supremo
Conselho do Brazil”, em edição de 1875, que teria sido impressa na rua dos
Beneditinos, nº 22, Rio de Janeiro. A mesma asserção que este articulista fez
com referência ao ritual do REAA do Grande Oriente do Brasil, de 1898, faz
agora, ao afirmar que, em 1875, o Grande Oriente Unido (mais conhecido por
Grande Oriente dos Beneditinos) não posuia gráfica própria.
Por
meio do já citado “Ritual Maçônico – Regulador do Primeiro Graó Symbolico” (do
Rito Moderno), impresso em Lisboa, do Grande Oriente Lusitano, foi introduzida
no Brasil uma visível influência francesa (que aquele ritual recebera dos
ensinamentos constantes do “Cathecismo Maçônico do 1º Gráo”, impresso em Paris,
mas em português, no ano de 1814).
Aqui
em nossa Pátria, essa mesma influência foi agasalhada pelo “Manual Maçônico ou
Cobridor, de todos os ritos maçônicos praticados na França”, impresso em 1833,
em dois volumes com trinta estampas, na já referida “Typ. Imp. e Const. de
Seignot-Plancher & Cª”, localizada (já vimos) na rua do Ouvidor, nº 95, Rio
de Janeiro.
Diferentes,
muito diferentes, são as magníficas (realmente magníficas!) “Lectures of Ancient and Accepted
Scottish Rite”, impressas em Washington,
no ano de 1871, e divulgadas em 1919 com edição de “L. H. Jenkins, Inc” de Richmond,
Virginia, devidamente autorizado pelo “Supreme
Council of the Thirty-Thirty Degree of the Southern Jurisdiction of the United
States”. Na
parte concernente aos Aprendizes
estão vinte e uma página. A grandiose obra apresenta expressivas lições e
verdadeiras surpresas para os estudiosos que, por razões entendíveis,
permanecem jungidos à mencionada vertente francesa.
Em
29 de julho de 1921 (data oficial) o Irmão José Adriano Marrey Júnior, então
Grão-Mestre do Grande Oriente Estadual de São Paulo (federado ao Grande Oriente
do Brasil), inconformado com a discutível derrota eleitoral de seu Candidato, Irmão
José Maria Moreira Guimarães (General) diante do Irmão Mário Marinho de
Carvalho Bering, que se tornou naquela ocasião, Grão-Mestre Adjunto do Grande
Oriente do Brasil (e, mais tarde, Grão-Mestre Geral), rompeu com a celula mãe e
fundou o Grande Oriente de São Paulo (sem adjetivo Estadual), tornando-se, por aclamação, o seu primeiro Grão-Mestre.
Realmente,
o referido Irmão José Adriano Marrey Júnior, que, em 01 de abril de 1920 havia
sido eleito Grão-Mestre do Grande Oriente Estadual de São Paulo (federado ao
GOB, conforme já ficou esclarecido) e cujo mandato iria até 24 de junho de
1923, rompeu seu liame com o Poder Central e fundou o então dissidente Grande
Oriente de São Paulo (sem o adjetivo Estadual,
afirme-se novamente), em 29 de julho de 1921, tornando-se o primeiro
Grão-Mestre da nova Potência (sim, era mesmo Potência, pois tinha soberania, ou seja, não estava
subordinada a qualquer agremiação).
Para
dirimir possíveis dúvidas, é necessário elucidar que, posteriormente em 11 de
maio de 1929, o Grande Oriente de São Paulo abriu mão de sua soberania e
incorporou-se ao Grande Oriente do Brasil. Porém, antes, em 1926, quando o
primeiro ainda era soberano, publicou os seus próprios Rituais, conforme o
respeitável leitor verá a seguir.
Mário Behring
Já
foi visto que o Grande Oriente de São Paulo (sem as expressões do Estado e
Estadual) nasceu soberano em 29 de julho de 1921 (data oficial) e que, depois,
em 11 de maio de 1929, abrindo mão de sua soberania, passou a integrar o Grande
Oriente do Brasil, ao qual está jurídica e “indissoluvelmente” federado.
Em
1926 (destarte, quando ainda não fizera tal integração), o citado Grande
Oriente de São Paulo publicou os seus Rituais do REAA. Mas, no caso especifico,
interessa-nos apenas o ritual de aprendiz. O trabalho gráfico foi elaborado
pela “Typographia Paulsita”, localizada na rua da Assembléia nºs 56 e 58, São
Paulo-SP. Considerando que há um vasto assunto a ser tratado, só estamos
descrevendo pormenores de natureza histórica. De fato, por enquanto, ainda não
fizemos comentários mais profundos. Porém, assinali-se, desde já, que, com a
única e óbvia modificação do juramento de fidelidade prestada “ao Suprmeo
Conselho e Grande Oriente de São Paulo”, o mencionado ritual de 1926 era, no
mais, uma cópia do Ritual do Grande Oriente do Brasil, impresso em 1922 na
“Officina da Escola Profissional Maçônica José Bonifácio”, localizada na rua
Paraguai, nº 72, Rio de Janeiro.
Todos
nós sabemos que em 1927, sob o influxo de argumentos muito discutíveis, que
cabem nos lindeiros do tema ora focalizado, começaram a ser fundadas as Grandes
Lojas Estaduais (de hoje, pois existiram outras
antes[10]).
A primeira foi a da Bahia (22 de maio). A segunda foi a do Rio de Janeiro (22
de junho), e que não pode ser confundida com a do Estado do Rio de Janeiro (21
de setembro). A tereceira foi a de São Paulo (02 de julho, oficialmente, apesar
de já existir desde 18 de junho coma efêmera denominação de Grande Loja
Escocesa de São Paulo).
As
três primeiras, das modernas,
Grandes Lojas Estaduais (já foi dito que
foram as da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo), trabalharam durante um
pequeno período, com o já mencionado ritual do REAA do Grande Oriente do
Brasil, edição de 1922.
Preocupado,
em 06 de setembro de 1927, o Irmão Benjamim Reis (que posteriormente, de agosto
de 1931 até maio de 1941, na condição de sucessor de seu pai, Irmão Carlos
Reis, viria a dirigir os destinos da atual Grande Loja Maçônica do Estado de
São Paulo) enviou uma carta ao Irmão Mário Marinho de Carvalho Behring,
Soberando Grande Comendador do Supremo Conselho do REAA (aquele que é
instalado, hoje, na rua Barão, nº 1317, Jacarepaguá, Rio de Janeiro), fazendo
menção à falta de Rituais “...estamos sem
rituaes e as Lojas estão pedindo de Aprendiz, Companheiro e de Mestre e desejo
saber si é attribuição da Grande Loja organisar esses rituaes ou o Supremo
Conselho o fará e nestes casos como faremos para contentar as Lojas que
necessitam delles?”
Demonstrando
não estar preocupado com a manutenção das diretrizes do REAA (o Rito em torno
do qual ocorreu a cisão de 1927), o citado remetente, mediante carta anterior,
de 15 de agosto do referido ano, já perguntara ao citado destinatário: “Poderiamos adoptar com modificações o Rito
de York[11]?
Onde poderemos encontrar um exemplar, nem que seja para copiar e devolver?”
Ainda
em 1927, 02 de outubro, o citado remetente, enviando uma terceira
correspondência, afirmou, com desconfiança, ao citado destintário: “Papae não recebeu o Ritual de York que o
Poderoso Irmão disse ter enviado. É bom que averrigue se o Correio ahi não tem
desviado correspondência”.
Vejam
que ao fazer uma pergunta ao Irmão Mário Behring, conforme carta de 15 de
agosto de 1927, para saber se poderia ser adotado, com modificações (pela Grande Loja do Estado de São Paulo), o Rito
de York[12],
o Irmão Benjamim Reis demonstrou que, na hipótese de haver uma resposta
positiva do destinatário, ele, o missivista, não se pejaria de alterar as
diretrizes do REAA.
Deve
ser acrescentado que, ao fazer naquela mencionada carta, uma segunda pergunta
pra saber onde poderia ser encontrado um ritual do Rito York (na verdade, não
era Rito York. E sim, Ritual de Emulação), o Irmão Benjamim Reis demosntrou
ignorar (isso é inacreditável!!) que na capital do Estado de São Paulo, a Loja “Campos
Salles” (então jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil e, depois, a partir
de 1935, subordinada à “United Grand
Lodge of England”, com a denominação de “Campos Salles Lodge” usava, mediante autorização do Poder Central,
assinada em 1923, o ritual intitulado “Cerimônias Exactas da Arte Maçônica”,
uma tradução feita pelo Irmão Joseph
Thomaz Sadler (da “Lodge of Unity”,
também da capital do Estado de São Paulo), fulcardo no original inglês[13]
“The Perfect Ceremonies of Craft Masonry”,
edição de 1918 (mas com o primitivo texto de 1816). Dos Em 1928 (sim, 1928 e
não 1927), o Irmão Mário Behring providenciou a impressão dos rituais das três
primeiras Grandes Lojas. Já foi dito que foram as da Bahia, Rio de Janeiro e
São Paulo. Vimos também as datas das respectivas fundações.
Veremos,
mais adiante, que não são despiciendos estes esclarecimentos sobre as questões
alheias (na aparância) ao tema ora em pauta.
Aqueles
três rituais, todos com os mesmos textos, execetuando-se (é evidente) as capas
(onde estavam os títulos, brasões emblemáticos) e o juramento de fidelidade à
correspondente Grande Corpo Maçônico estadual (eram e continuam sendo corpos,
pois tinham e continuam tendo soberania, ao contrário dos Grandes Orientes
Estduais federados ao GOB), eram do REAA.
Foram
impressos na “Typographia Delta”, localizada na rua Dias Cruz, nº 129, Rio de
Janeiro.
É
necessário acentuar que não houve a crição de normas ritualísticas, nem a
criação de normas litúrgicas. Foram copiadas
páginas inteiras (não todas, mas quase) do ritual do GOB, de 1922. Também, do
ritual do Grande Oriente do Brasil, porém de 1857 foi copiado o preceito
referente à cobertura da cabeça do Venerável Mestre, com o uso de chapéu (uso
esse que o GOB já havia abondonado). Nas iniciações, o Irmão Mário Behring
aboliu a cena do “clarão pálido e lúgubre” (que o GOB usava desde 1857 e
continuou usando até 1997), substituindo-a, naqueles três focalizados Rituais,
pela cena da “figura representando João Batista degolado”.
O
ritual de 1857, do GOB, era uma cópia quase completa do ritual do Grande
Oriente Brazileiro, o “do Passeio”,
de 1834. Ambos já foram devidamente comentados nas páginas anteriores, onde
este articulsita mostrou a única diferença entre eles, apresentando, também, os
nomes e os endereços das tipografias que os imprimiram. Saliente-se que, até
hoje, o andamento ritualísitico da iniciação continua quase o mesmo do citado
ritual de 1834, do “Grande Oriente do Passeio”.
Quanto
ao ritual de 1922, do GOB, que serviu de inspiração ao Irmão Mário Behring (mas
já foi visto que não foi sua única fonte), o trabalho gráfico foi realizado na
“Officina E.P. Maçônica José Bonifácio” localizada na rua Paraguai nº 72, Rio
de Janeiro-RJ. Apesar de ter sido impresso em 1922 (repita-se), na capa está
inscrito 1923, mas há o necessário esclarecimento na parte interna. O mencionado
ritual segue os de 1909 e de 1917, que passaram pela importante reforma efetuada na histórica sessão do Supremo Conselho
do REAA, de 01 de julho de 1889, sob a presidência do Irmão (Visconde) Luiz Antonio
Vieira da Silva, Soberano Grande Comendador daquele Alto Corpo Filosófico (de
modo automático, naquela época, por ser o Grão-Mestre do GOB).
Luiz Antonio Vieira da Silva
BIBLIOGRAFIA:
Cavalcante,
Sergio – Rito Escocês Antigo e Aceito – Rituais de 1804.
[1] Segunda-feira, 17 de junho de 1822.
[2] Sexta-feira, 21 de junho de 1822.
[3] Sábado, 29 de junho de 1822.
[4] Que viria a ser copiado, poropositadamente, pelo
futuro “Grande Oriente do Passeio”.
[5] Sexta-feira, 12 de julho de 1822.
[6] A Maçonaria dos sete graus.
[7] Por iniciativa do Irmão Henrique Valladares, Grande
Secretário Geral.
[8] Padre, desde 1803, e Cônego da Capela Imperial, desde
1824.
[9] Pelo fato de, em seu tempo áureo, estar localizado na
Rua do Passeio, nº 36, Rio de Janeiro.
[10] 1ª - Grande Loja Provincial de São Paulo, fundada por
volta de 1870 e 1872, subordinada ao Grande Oriente do Brasil.
2ª - Grande Loja Provincial do REAA de São Pedro do Rio Grande do Sul,
fundada em 28 de agosto de 1875, subordinada ao denominado “Grande Oriente dos
Beneditinos”.
3ª - Grande Loja Provincial do REAA da Bahia, fundada em 06 de novembro
de 1875, subordinada ao denominado “Grande Oriente dos Beneditinos”.
4ª – Grande Loja do Estado da Bahia, fundada em 07 de março de 1892,
subordinada ao Grande Oriente do Brasil.
5ª – Grande Loja do Estado de São Paulo, fundada em 14 de maio de 1892,
subordinada ao Grande Oriente do Brasil.
6ª – Grande Loja Provincial do Maranhão, fundada em 08 de janeiro de
1896, subordinada ao Grande Oriente do Brasil.
7ª – Grande Loja Symbolica Regional de São Paulo, fundada em 08 de
novembro de 1922, subordinada ao Grande Oriente do Brasil.
Existiu também na cidade do Recife-PE em 1816 uma Grande Loja
Provincial, a qual era constituída por quatro lojas, a saber: “Pernambuco do
Oriente”, “Pernambuco do Ocidente”, “Restauração e Patriotismo” e “Guatimozim”
- http://www.mercuri.com.br/gm-historicodamaconaria.html.
[11] Entenda-se por Ritual de Emulação (Emulation Ritual).
[12] Entenda-se por Ritual de Emulação (Emulation Ritual).
[13] Refere-se ao Sistema Maçônico Inglês – Grande Loja
Unida da Ingleterra.
PS: Faltou a menção da ARLS Ganganelli do Rio, na ocasião Loja Capitular pelo Rito Moderno, da qual Mario foi por, duas vezes, VM, Remeto, se quiser, maiores detalhes
ResponderExcluirCaríssimo ir.'.André, caso possível, tenho muito interesse nesta sua informação, para inserto em um trabalho Justo e Perfeito. TAF. clebertvianna@casadosvioleiros.com
ExcluirNo ensejo parabenizo aos QQII pelo brilhante e elucidativo trabalho sobre os Rituais do REAA.
Saudações Ir
ResponderExcluirSerá que teria como me informar em que momento fora trocada a corda de 12 nós pela de 81?
Abraços fraternais